quarta-feira, 1 de julho de 2009

Albergue pode ser a última possibilidade

O que fazer quando não há mais alternativas de hospedagem nem dinheiro? Dormir na rua não é uma opção. Para evitar isto, existem albergues na cidade de Porto Alegre. A assistente social Aline de Almeida diz que “não só moradores de rua, mas pessoas do interior ou de fora do Rio Grande do Sul" se hospedam em albergues.

Um exemplo desse tipo de caso é o mestre de obras paraguaio César Torres Servian, de 60 anos, que chegou com uma mão na frente e outra atrás na capital. Veio do Uruguai atrás de serviço, mas no meio do caminho foi assaltado e perdeu seus documentos e também suas malas. Assim, se informou e chegou no Instituto Espírita Dias da Cruz, que recebe pessoas carentes em seu albergue desde 1931. "Cheguei à Rodoviária e perguntei no serviço de guia turístico e me falaram que o melhor albergue da cidade é esse (Albergue Dias da Cruz)", diz o paraguaio.

Quando perguntamos para César o que estava fazendo durante o dia, já que não se pode ficar no albergue o tempo todo, ele respondeu que está conhecendo a cidade. "Hoje (dia 30 de junho) fui lá no hospital Santo Antônio, fiquei na praça olhando as pessoas. Vou na Independência, caminho pela Andradas. Mato o tempo."

César está desde o dia 23 de junho no albergue, e pelas regras da casa pode ficar até 7 de julho. São 15 dias de hospedagem máxima no inverno. No verão, é possível ficar no máximo 10 dias. Depois de um mês fora, pode voltar. Porém, se o albergado conseguir um emprego, pode ficar até 45 dias no Diaz da Cruz, prazo para que encontre uma residência em definitivo. Com essas regras, muitos fazem rodízio de albergues, indo também aos conhecidos Abrigo Marlene, Abrigo Odila Gay da Fonseca e o Abrigo Municipal Bom Jesus.

O Dias da Cruz dispõe de 100 vagas, sendo 62 para homens e 38 para as mulheres. Há um convênio com a Fundação de Assistência Social e Cidadania - FASC, que dispõe de 30 vagas durante os meses de julho, agosto, setembro e outubro. Em troca, a prefeitura repassa 5 mil reais mensais ao Instituto. Estão sendo feitas tratativas para estender esse convênio, passando assim a todos os meses do ano.

Mesmo assim, são raros os dias em que o albergue está lotado. Principalmente na ala das mulheres. Segundo o vice-presidente do Instituto Wilson Uchoa Colares, “as mulheres procuram menos o albergue”. A ala dos homens é mais fácil de lotar, mas não acontece sempre. Quando ocorre, são oferecidos colchões para deitar no chão da sala. Assim, pode-se também assistir televisão até mais tarde.

Além do apoio da assistente social do Instituto, Aline de Almeida, há ainda assistência psicológica gratuita, através de 3 psicólogas voluntárias. Wilson diz que “a princípio, a gente não recebe ninguém bêbado aqui". Mas Aline afirma que “no mínimo 60% dos hóspedes são dependentes químicos”.

Como funciona
A partir das 18h, o albergue começa a receber os hóspedes para uma triagem. São conferidos documentos, para verificar se não ultrapassou o limite de dias. As mulheres têm preferência para entrar. Logo depois, sobem para as dependências e vão tomar banho. Recebem um pijama e roupa de cama, que são lavados 3 vezes por semana. Também é dado um kit com escova de dente, pasta e sabonete. `As 19h30min é servido o jantar. Após comer, podem assistir televisão até 21 horas. Por fim, tudo é desligado e têm de dormir.

No outro dia, são acordados `as 6h30min. Vinte minutos depois é servido o café-da-manhã. Então devem sair para a rua. César Torres Servian, ou Uruguaio, como é chamado no albergue, aprecia o local. “Me gusta a disciplina que tem, a ordem que tem aqui".


Albergue do Instituto Espírita Dias da Cruz
Av. da Azenha, 366
Cidade Baixa - Porto Alegre
Fone: (51) 3223.1938

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